O tema ‘Previdência’ tem sido uma pauta diária no Brasil. Aos poucos, as pessoas começaram a acordar para a realidade do INSS (previdência oficial do governo), que está em fase de reformulação. Por muito tempo, os brasileiros contavam exclusivamente com ela para ‘pendurar as chuteiras’ quando a idade avançada chegasse. O problema é que estamos vivendo cada vez mais e a renda do INSS não é suficiente para viver tranquilamente na velhice.
Segundo pesquisa recente, 42,3% dos aposentados entre 60 e 70 anos falharam em construir um futuro melhor e ainda precisam trabalhar para pagar as contas. Nesta idade, contudo, nem sempre a saúde ajuda e o mercado de trabalho não está exatamente aberto a esses profissionais mais maduros. A solução para viver bem e tranquilo na terceira idade, portanto, está no planejamento e na educação financeira.
Algumas poucas pessoas que sabem pensar e investir no longo prazo conseguem, sim, se aposentar mais cedo e realizar as metas de longo prazo. Nem sempre nasceram ricas, mas conseguiram trabalhar duro, aumentar a renda principal, economizar e investir o excedente.
Muitas dessas pessoas fazem Previdência Privada, um investimento que, quando bem-feito, é seguro, rentável e flexível. E não precisa esperar pela idade da aposentadoria para usufruir, pelo contrário. Os produtos de Previdência Privada possuem duas fases: a de acumulação e a de aproveitar. Primeiro você aplica, espera o tempo necessário e depois colhe os frutos. E estes furtos podem ser um projeto ou até a faculdade dos filhos.
Vamos entender como ela funciona e desmitificar alguns conceitos errôneos?
Os planos de Previdência Privada normalmente são constituídos por fundos de previdência. Do ponto de vista do funcionamento interno, a gestão do dinheiro acontece de forma muito parecida aos outros tipos de fundos: possuem gestores, carteira de ativos, taxa de administração etc. Ou seja, eles funcionam como fundos de investimentos comuns, mas possuem algumas vantagens, como:
- Dedução tributária do seu IR de acordo com seus aportes em fundo de previdência (limitado a 12% da sua renda anual, caso opte por um plano PGBL);
- Alíquota de IR de apenas 10% (case mantenha o dinheiro investido por mais de 10 anos em um modelo tributário regressivo);
- Ausência de come-cotas (o come-cotas é a cobrança antecipada do IR que acontece semestralmente em fundos comuns);
- Portabilidade (você pode trocar de gestor, corretora, seguradora sem resgatar o dinheiro, pagar taxas e reinvestir);
- Diversificação (existem fundos de previdência conservadores, moderados e agressivos);
- Sucessão patrimonial (esse investimento funciona como seguro de vida).
Do ponto de vista legal, os fundos de previdência estão enquadrados junto aos seguros e, assim, são regulados pela SUSEP. Dentro dos bancos, os fundos são comercializados pelo departamento de seguros, e não pelo pessoal de investimentos. Então, em resumo, este seria um produto de seguridade cujo capital é gerido como um fundo de investimentos. Por isso, chamam-se fundos de previdência privada.
O funcionamento é bem simples:
- Você faz um investimento inicial;
- Programa aportes mensais;
- Mantém esses investimentos por mais de 10 anos ou até realizar a sua meta;
- Então resgata no futuro.
Quais as diferenças entre Previdência Social e Privada?
Existem muitas diferenças entre elas e ao consultar especialistas, caso seja possível, eles sempre indicarão que escolha as duas. Afinal, as características são complementares. A aposentadoria principal e oficial costuma ser a pública, estruturada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Assim como a Previdência Privada, a social funciona como uma garantia de continuar recebendo um salário depois de trabalhar. E o direito aos benefícios não é gratuito. O trabalhador deve pagar um valor mensal durante um determinado período ao INSS.
Esse tempo de contribuição varia de acordo o tipo da aposentadoria. O INSS gere o recebimento dessas mensalidades e então paga os benefícios aos aposentados que contribuíram e que se aposentaram.
O INSS garante uma série de outros direitos não contemplados na Previdência Privada. Você pode, por exemplo, se aposentar por:
- Idade
- Por deficiência
- Tempo de contribuição
- Tempo de contribuição para pessoa com deficiência
- Tempo de contribuição como professor
- Por invalidez
- Especial por Tempo de contribuição.
Além disso, existem outros benefícios previdenciários que a Previdência Privada não garante, como:
- Auxílio-doença
- Auxílio-acidente
- Auxílio-reclusão
- Pensão por morte
- Salário-família
- Salário-maternidade
Comparações
Neste momento você pode estar se perguntando: E na comparação com outros investimentos, será que uma Previdência Privada é melhor? A resposta é que para objetivos de mais de 6 anos sim, mas há vários aspectos a serem avaliados. Para fazer uma comparação justa, você deve definir os fatores importantes para você, como:
- Rentabilidade
- Segurança
- Custo (taxas e tributos)
- Liquidez
- Flexibilidade (poder trocar de posição)
- Diversificação
- Envolvimento (quanto tempo você precisa dedicar estudando e gerindo o investimento).
E existem riscos na Previdência Privada? Sempre!
A Previdência Privada funciona mais como um investimento a longo prazo. O seu objetivo nele é se aposentar. E como em todo investimento, existem riscos. Um dos riscos é precisar do dinheiro. Por isso, não se recomenda fazer um plano de Previdência Privada sem ter aplicações de curto e médio prazo que garantam o seu presente e futuro próximo contra emergências financeiras. Tenha sempre uma reserva financeira para emergência. Esse é o seu “bote salva-vidas” em caso de algum problema sério financeiro. Afinal, caso você precise sacar esse dinheiro antes da hora, você perderá uma boa parte do seu dinheiro em tributos, principalmente se optou pela tributação regressiva que é maior a curto a prazo.
E, claro, que há o risco de a Seguradora do plano de Previdência Privada falir. Isso é raro, mas pode acontecer.
Outro risco é o de ver seu rendimento diminuído devido às taxas. Então faça uma análise de rentabilidade a longo prazo, dando preferência aos fundos com menos taxas. E a boa notícia é que você pode mudar de plano se e quando quiser.
Como funciona a Portabilidade de Previdência Privada?
Escolheu mal? Seu plano tem taxas muito altas de carregamento e administração? A rentabilidade está aquém do esperado? Você pode mudar seu plano de instituição sempre que julgar necessário.
A única coisa que não dá para mudar após se arrepender é o regime tributário, por isso, pense bem! Do contrário, é possível sim corrigir o curso das coisas “migrando” ou “portando”, que é o termo do mercado, seu fundo para outro lugar.
O processo é bastante simples: após encontrar um novo plano e uma nova instituição que atenda suas expectativas, o pedido de portabilidade é feito por meio da nova empresa e a antiga é obrigada por lei a acatar.
Não há necessidade nenhuma de contato com seu antigo plano de previdência.
Tipos de Previdência Privada
Você precisa entender 3 coisas básicas nos fundos de previdência:
- Categoria do Plano (PGBL ou VGBL)
- Tipo de tributação (regressiva ou progressiva)
- Tipo de estratégia de gestão (conservadora, moderada ou agressiva)
Saiba mais sobre esses pontos:
PGBL ou VGBL
No geral, a diferença principal entre o VGBL e o PGBL é a tributação. No VGBL, o Imposto de Renda incide somente sobre a rentabilidade conquistada. Já no PGBL, essa incidência ocorre sobre o total que será resgatado. Porém, no PGBL, você pode ter seus aportes abatidos do Imposto de Renda, limitado a 12% da sua renda anual.
Além disso, você só pode optar por um PGBL se você tiver realizado uma declaração completa, de maneira a realizar os abatimentos do IR.
Se você não souber como fazer a sua declaração, é recomendável procurar um contador para saber se vale a pena ou não tentar se encaixar no PGBL.
Tipo de tributação do fundo de previdência
Independente do tipo de Previdência Privada escolhido, você precisará optar por um dos dois regimes tributários:
- Progressivo: 15% da sua aplicação fica retida na fonte, podendo chegar a 27,5%.
- Regressivo: a retenção varia de 35% a 10%, que varia de acordo com o tempo que o dinheiro permanece aplicado. Assim, quanto mais tempo, menos imposto você pagará.
Tipo de estratégia de gestão
Os fundos podem investir em diferentes mercados (como os multimercados), podem centralizar sua estratégia em renda fixa pré-inflação ou em renda fixa pós.
O que definirá o nível de risco é o tipo de gestão. Quanto mais ativa, maior o risco do fundo.
Saiba quais são as taxas e tributação de uma Previdência Privada
Como já vimos, existem alguns custos para alocar o seu dinheiro na Previdência Privada: taxa de carregamento, taxa de administração e Imposto de Renda.
Taxa de Carregamento
A taxa de carregamento é cobrada sobre cada aplicação feita em sua previdência. Além disso, o valor cobrado costuma ser mais elevado quando o produto contratado por você é considerado “simples”. Assim, em bancos de varejos que disponibilizam a opção de aportes pequenos, as taxas de carregamento costumam ser bem elevadas. Apesar disso, já existem alguns bancos que não cobram essa taxa.
Esse é um fator que influencia bastante o rendimento da sua PP, já que quanto maior for a taxa, menor será a sua rentabilidade com o passar dos anos. Então, se você for contratar um plano de previdência, busque aqueles que não cobram taxa de carregamento ou que esta seja bem pequena.
Taxa de Administração
A taxa de administração é cobrada de maneira anual sobre o valor total que foi aplicado. Alguns fundos não cobram essa taxa, mas isso é raro. Então, é importante que você se atente a ela ao pensar em aderir a uma PP. Assim, você terá uma noção mais realista sobre sua rentabilidade final.
Tributação
Muitos ativos estão sujeitos à tributação, e com a Previdência Privada não é diferente. Tirando as LCIs e LCAs, debêntures incentivadas e os Fundos de Investimento Imobiliários, todos os outros tipos de investimento são sujeitos a cobrança do IR. Então, fique atento às tributações para que a sua rentabilidade não sofra muito com isso.
Já entendeu bem como funciona e decidiu se deve ou não investir? Confira um resumo sobre o tema para auxiliá-lo nesta decisão:
Vantagens e Desvantagens da PP
5 vantagens de investir em Previdência Privada
- Plano personalizado
Caso você opte por uma Previdência Privada, existe a possibilidade de aplicar o seu dinheiro em um plano que atenda melhor as suas necessidades. Ele pode ser voltado mais para médio prazo, longo prazo, contar com deduções do IR ou não.
- Fundo
Um fundo de Previdência Privada não é muito diferente de um fundo de investimento. Então, ele é capaz de gerar uma renda para a sua aposentadoria, expondo o seu capital a ativos financeiros, mesmo que indiretamente.
- Flexibilidade
Você conta com a opção de portabilidade de uma previdência. Assim, se você não estiver satisfeito com os resultados que ela está tendo, existe a possibilidade de migrá-la para outra instituição.
- Gestão
Como o seu dinheiro rende em um fundo de investimento, existe um gestor profissional para acompanhar o desempenho que as suas aplicações estão tendo. Além de ser ele quem realiza a alocação do seu capital.
- Disciplina
Uma Previdência Privada costuma incentivar as pessoas a poupar dinheiro. Então, se você tem essa dificuldade, essa pode ser uma boa opção para desenvolver esse hábito.
5 desvantagens do investimento em Previdência Privada
- Taxas
Independente do plano escolhido, saiba que ele terá uma taxa de administração que varia de acordo com o seu emissor. Os fundos oferecidos pela Rico possuem taxas de administração baixas, que tornam o investimento muito vantajoso.
- Tributação
Existem dois tipos de tributação em uma previdência privada: a progressiva (de 0% a 27,5%) e a regressiva (de 35% a 10%). Essas porcentagens variam de acordo com o tempo que o seu dinheiro fica alocado. Então, se você precisa do dinheiro a curto prazo, provavelmente terá que pagar uma alíquota maior, de acordo com o tipo escolhido de tributação.
- Composição
A rentabilidade de uma Previdência Privada varia de acordo com a composição do fundo. Com isso, se você aplicar o seu dinheiro sem conhecer os ativos que ele possui, é possível que você tenha as expectativas frustradas. Por isso, é fundamental escolher o plano de previdência de acordo com o seu nível de tolerância a risco.
- Riscos
Ao optar por uma previdência, você vai se deparar com diversos planos com diferentes graus de risco, de acordo com as aplicações do fundo e da instituição emissora. Além disso, essa opção não conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Ou seja, se o emissor da previdência for à falência, você vai perder todo o dinheiro que foi investido.
- Período de carência
Você pode solicitar o resgate das parcelas pagas a qualquer momento, desde que o período mínimo de carência seja respeitado. Se você realmente precisar regatar esse dinheiro antes do período estabelecido, provavelmente o emissor vai cobrar uma multa de você.